A primeira exposição do IHIM do ano de 2023 busca apresentar à sociedade muito mais do que o fato histórico, essa exposição tem como cerne o propósito de exibir testemunhos e discutir as diversas camadas políticas e sociais que endossaram e as que surgiram após a Shoá, tendo como paradigma a importância desses indivíduos nos processos políticos e estruturais na comunidade judaica da cidade de Belo Horizonte, no contexto pós II Guerra Mundial.
Nesse Yom HaShoá, o Instituto Histórico Israelita Mineiro homenageia os sobreviventes da Shoá que encontraram em Belo Horizonte uma oportunidade de recomeço, e que ajudaram a compor e fortalecer a comunidade judaica belo-horizontina. Através da exposição “VIDAS”, o IHIM rememora a importância de se discutir sobre a catástrofe de um dos maiores crimes contra a humanidade e reforça o dever civil de cada indivíduo em lembrar e jamais repetir tamanha barbárie.
Do pouco que restou dos campos e das famílias, lembrar e viver são atos de resistência. Para além da materialidade dos objetos apresentados agora como acervos museológicos e documentais, a exposição se trata das vidas: daquelas que foram perdidas, as que surgiram, as que foram inventadas, as que se transformaram e as que foram imaginadas. Quantos recomeços? Quantos fins? Como não ouvir a voz de quem sobreviveu para contar aquilo que, por tamanha crueldade, foi tido como impossível e inacreditável?
Veiculada no Espaço de Exposições da Instituição, na Sinagoga Beit Yaacov, a exposição “VIDAS” busca não somente apresentar os sobreviventes que se estabeleceram na capital mineira como, também, abordar, a partir dessas histórias, a conscientização e discussão com o público a respeito do que foi a Shoá, sua construção histórica e dos seus impactos até os dias atuais, trazendo um alerta para as gerações futuras. Baseada no material desenvolvido para o documentário homônimo, desenvolvido pelo Instituto Histórico Israelita Mineiro na década de 1990 e demais depoimentos do Arquivo de Memória Oral do IHIM, que perpassam por esse momento da História da Humanidade. De forma secundária, a exposição propõe, também, a discussão sobre a contemporaneidade e os recentes episódios de intolerância, revisionismo histórico e a ascensão de discursos neonazistas pelo mundo (em especial, no Brasil) e o risco que esse cenário representa para toda a sociedade.
Como complemento da exposição, o IHIM traz o conteúdo desse depoimentos através do seu site. Transcritos entre 2010 e 2012, os arquivos são frutos de diversas gravações de fitas de áudio e vídeo e agora estão em formato de cd/dvd no arquivo institucional (in loco) e disponibilizados em pdf.